NOITES DE SOLIDÃO // PERNOITES
NOITES DE SOLIDÃO
(Milla Pereira)
Eu sinto, na penumbra de meu quarto,
Tua presença a me acompanhar...
Cerro os olhos e vejo-te chegar
Que esta saudade dói, como um parto!
Em minha ansiedade de amante
Corro para a porta a te esperar,
Enlaço-te, até quase sufocar
Como se fora real um instante!
Minhas noites são vivos pesadelos...
Se acordada estou, só penso em ti,
Dormindo, eu te tenho em meus sonhos...
Meus dias são cinzentos e tristonhos
Em face às noites que não dormi,
Sentindo os teus beijos mas sem tê-los!
PERNOITES (Réplica)
(Mario Roberto Guimarães)
A solidão é mal que fere fundo,
É, da distância, a pérfida irmã gêmea...
O coração se esgarça em versos, teme a
Saga maior que possa haver no mundo...
Essa paixão insólita e abstêmia
Que cresce dentro em nós, cada segundo,
Faz da espera um sofrer profundo,
Enquanto a rima soa qual blasfêmia...
Se pesadelos são as tuas noites,
Porque de mim te lembras acordada
E vivo nos teus sonhos quando dormes,
Vejo também fantasmas multiformes,
A povoar a minha madrugada,
Quando, sem ti, eu vivo meus pernoites.