A Sereia e o Marinheiro
Na vastidão do mar, onde a noite é infinita,
Vão os marinheiros sob as estrelas frias;
E a sereia, que canta, em beleza os incita,
Promete aos corações suas doces magias.
Um deles, enfeitiçado, esquece o perigo,
E, ao ouvir-lhe a voz, se entrega à paixão.
No peito acende-se o amor, feito abrigo,
Que o arrasta, sem medo, à cruel sedução.
Mas ela, que outrora trazia a morte em seu canto,
Vê no homem um lume que jamais sentiu;
E, por amor, rompe o fado em um doce encanto.
Desaparecem no mar, num silêncio febril,
O marinheiro e a sereia, unidos em pranto,
Nas profundezas do abismo, onde o tempo é sutil.