Um retorno

Do sonho cibernético desperto

Enfim: e pelo páramo que em fora

Sidérico se expande, vai agora

A se desintegrar o sonho incerto.

O rosto de água lava-se coberto:

Uma lágrima espera, outra memora,

E é tempo de voltar: Ide, sonora

Nau dos ares, que é vindo o tempo certo.

No humo roxo, nas verdes e lodosas

Algas respira o vento, e as ondas vai

Soprando que no lago vão morosas...

E o céu — o mesmo céu — em água cai,

E as lembranças revejo tão gozosas,

E aos pés caio abraçado de meu pai.

Manuel de Lira
Enviado por Manuel de Lira em 25/10/2024
Reeditado em 26/10/2024
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