Soneto 47: CALADO SOU UM POETA
Ao falar, me perco entre palavras vãs,
O som se vai, a mente se embaralha,
Cada frase foge em curvas tão estranhas,
E o medo em meu peito se agasalha.
A plateia espera o verbo que não vem,
E eu me enrolo em cada tentativa,
Na escrita, o verso vai além,
Mas na voz, a poesia não é viva.
No silêncio, contudo, sou completo,
Ali, encontro abrigo e sou maior,
Sou poeta quando o mundo é quieto,
E o som calado me revela o melhor.
Sem a fala, sou livre e me permito,
Pois é no silêncio que eu habito.