SONETO DE UM ÉBRIO!

Silva Filho

(repaginado)

 

O soneto que escrevo não faz eco

Não consegue ir além de um recanto

Muito embora eu procure o encanto

Que parece ter ficado no boteco.

 

No boteco eu tocava reco-reco

E tentava harmonia com meu pranto

Preferência sempre dei para meu santo

Quando a loira escorria no caneco.

 

No boteco tinha dança... alegria...

Alternando com uma bela poesia

Que um ébrio declamava d’improviso!

 

Entre u’a loira gelada e outra quente

Nem notava que a segunda era gente

(O garçom não exibia um aviso).