A mágoa insiste
Perdão é, na essência, libertar,
Mais que absolver a quem nos fere,
Permite prosseguir, nos dá e confere
A paz de não deixar a dor ficar.
Desatar os grilhões a nos prender,
Os nós desse passado que interfere,
É reivindicar, com fé, que gere
Nova luz ao presente a florescer.
Ainda que a memória a mágoa traga,
E ao lembrar do ofensor a dor persista,
Perdoar não é amar quem nos traiu.
Perdoar é não deixar que essa praga
Se alastre e que na alma triste insista
O erro que em nós o outro feriu.