Medo

Tenho medo de ti e deste amor

Que à noite se transforma em verso e rima...

 

(Sonetos que não são – IV. Hilda Hilst, São Paulo, 1.930 – 2.004)

 

Tenho medo do amor que me excrucia,

medo de ti e desse olhar profundo,

que planta tantos sonhos no meu mundo

e neste meu viver a poesia.

 

Tenho medo do medo – quem diria –

de te perder no instante de um segundo,

quando no corpo teu eu me transfundo

no ser que, em ti, renasce dia a dia.

 

Tenho medo infinito do finito

que em tudo está presente, quando fito

alguém perder alguém que mais estima.

 

Tenho medo que um dia tal ternura,

na qual a minha vida se estrutura,

torne-se, enfim, apenas verso ou rima.

 

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 06/05/2024
Código do texto: T8057589
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