Metáforas


Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! desta mão, avaramente adunca,
ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
(Da vez primeira em que me assassinaram, Mario Quintana)

 

 

Morri aos poucos, sem morrer, contudo,
levaram-me os pedaços, dia a dia,
minha inocência, sonhos, fantasia,
violaram, mas com luvas de veludo.

 

Gadanhos impiedosos, a miúdo,
levaram-me as fatias da fatia
da minha essência e tudo que mais cria,
restando-me a estesia por escudo.

 

Chacais e corvos! Mas mantenho a luz
que me ilumina a estrada e me conduz
aos campos da poesia tão sem fim.

 

A luz do vate não se apaga, nunca,
porque com versos seu caminho junca
e agora sou metáfora de mim.

 

Edir Pina de Barros

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 10/03/2024
Reeditado em 13/03/2024
Código do texto: T8017079
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