A SERPENTE E A PLUMA

A serpente viu a pluma a flutuar
num bailado, pelo céu azul anil...
Desdenhosa, ela fingiu não importar
ser rasteira, presa ao chão, sempre servil.

Sibilando, fez a pluma acreditar
no seu vôo ser sem graça, e conseguiu
que essa pluma se deixasse enlaçar
e assim do chão, um pouquinho ela subiu.

Desde então, serpente e pluma dependentes,
não conseguem ir ao céu, prender-se à terra.
Combinadas, geram frutos, descendentes

da palavra, que aliena e que desterra,
da intenção, buscando os ventos ascendentes;
do sentido duvidoso que ela encerra...


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