SEMPRE A POESIA
Infeliz ter que pensar na vida_ e repensar
Varando dias e noites nesta oca agonia
Transbordando de trevas densas a poesia
Que deveria ser de amar_ somente amar!
Mas se não se pode fugir dos pensamentos
Que reconhece os dissabores deste mundo
Em brumas de incertezas_ poço profundo
Em que se cai_ sem liras ou cata-ventos!
Mas se não há de se escrever sobre carícias
Nem das tardes tocadas pelos beijos na boca
Entoa-se então a rima nua, crua e louca!
Que sangre a vida em desatino e solidão!
Pois mais vale um poema que pense triste
Do que o verso que se esconde e inexiste!