JANELA PARA O POENTE
 
Pela janela aberta, escapa o pensamento,
olhando o panorama, mas não se detém,
na nuvem ou na flor, no pássaro, em ninguém;
procura por meu sonho, aquele que acalento...

E nessa mesma tela há força, estou ciente,
pois ela põe no ar um cartão de Natal.
Ao longe, iluminando, o brilho é sempre igual,
no ar avermelhado dessa tarde ardente...

No lado do interior, estende-se a penumbra,
mas fora ainda há luz, em brilhos de quermesse.
Difusos os contornos, já não se vislumbra
nenhuma ave no céu; o escuro, lento, desce...

E o fio da minguante em prata risca o céu,
enquanto o sol se vai e a alma fica, ao léu...


Nilza Azzi



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