Soneto amargo
Vale nada o soneto desta folha
é o espelho do meu sonho que não fujo
linha neutras que atraem o verbo sujo
falso vinho que amarga até na rolha.
Para ele ninguém diz e ninguém olha,
é meu rebento, esse dito cujo,
que no papel tem um gemido tujo,
mas que fazer se não há escolha?
Já não luto em silêncio baldio
já nem sei se eu choro ou se rio
ou remexo no avesso da rima.
Mas capricho e meu verso se ajeita
e quem sabe, também, desta feita
eu não sinta o gosto amargo da lima.
Josérobertopalácio