Soneto amargo

Vale nada o soneto desta folha

é o espelho do meu sonho que não fujo

linha neutras que atraem o verbo sujo

falso vinho que amarga até na rolha.

Para ele ninguém diz e ninguém olha,

é meu rebento, esse dito cujo,

que no papel tem um gemido tujo,

mas que fazer se não há escolha?

Já não luto em silêncio baldio

já nem sei se eu choro ou se rio

ou remexo no avesso da rima.

Mas capricho e meu verso se ajeita

e quem sabe, também, desta feita

eu não sinta o gosto amargo da lima.

Josérobertopalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 24/02/2023
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