Desengano

Três dias de bebida, de fantasia,

é o folião se esquecendo da labuta

pra muitos deles a grana enxuta,

nesses dias até credor é companhia.

Vai todo mundo misturado na folia

pena que a alegria seja curta

nem sol, chuva e nem frio dificulta;

dinheiro pouco, enorme é a energia.

Embriagados se esquecem da dureza

vivendo a ilusão, lhes vem a certeza:

se foram pobres não lembram esses dias...

Mas logo acaba e não resta nem a brasa

do fogo ilusório e, já em casa,

lhe esperam: desemprego, contas, agonias.

Josérobertopalácio

Obrigado Ana, pela excelente interação.

Bem sabes meu dileto camarada

Que a mente necessita um refrigério

Não sendo o paraíso esse jornada

Um gozo fecha a porta ao cemitério.

Trabalha feito escravo e ganha nada

O pobre, sem saber deste mistério

Quem bebe do seu sangue faz piada

Um transe até permite um revertério.

Nem dá pra imaginar uma revolta

Estouro da boiada em exaustão

E o quebra assustador... Fim da ilusão.

Ao menos essa doce fantasia

Efeito de um balde de água fria

Impede que um horror agite a mão.

Ana Maria Gazzaneo

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 18/02/2023
Reeditado em 20/02/2023
Código do texto: T7722001
Classificação de conteúdo: seguro