Desengano
Três dias de bebida, de fantasia,
é o folião se esquecendo da labuta
pra muitos deles a grana enxuta,
nesses dias até credor é companhia.
Vai todo mundo misturado na folia
pena que a alegria seja curta
nem sol, chuva e nem frio dificulta;
dinheiro pouco, enorme é a energia.
Embriagados se esquecem da dureza
vivendo a ilusão, lhes vem a certeza:
se foram pobres não lembram esses dias...
Mas logo acaba e não resta nem a brasa
do fogo ilusório e, já em casa,
lhe esperam: desemprego, contas, agonias.
Josérobertopalácio
Obrigado Ana, pela excelente interação.
Bem sabes meu dileto camarada
Que a mente necessita um refrigério
Não sendo o paraíso esse jornada
Um gozo fecha a porta ao cemitério.
Trabalha feito escravo e ganha nada
O pobre, sem saber deste mistério
Quem bebe do seu sangue faz piada
Um transe até permite um revertério.
Nem dá pra imaginar uma revolta
Estouro da boiada em exaustão
E o quebra assustador... Fim da ilusão.
Ao menos essa doce fantasia
Efeito de um balde de água fria
Impede que um horror agite a mão.
Ana Maria Gazzaneo