CEGA (gótico)

 

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I

 

Sendo a minha tensa fraqueza

A falta que me fazes presente

Imagino ser bela a tua frieza

Calor n'um coração dormente

 

O verde do teu olhar é frio

Reticentes são teus carinhos

Sinto felicidade no parco cio

Sou de ninho e tu de caminhos

 

Frouxos são os nossos laços

Beijo rápido versus abraço farto

Chão plantado contra largos passos

 

Os nossos quereres são divergentes

Só que dentro de mim sou cega

Enxergo apenas instantes ardentes

 

 

II

 

O mármore que te reveste

Frustra meu amor maleável

A face umedece em vielas

Tua desfaçatez é tão palpável

 

Vivo na tumba fria da ilusão 

Cega de paixão não percebo nada

A relação se esvai na contramão 

Sexo mudo n'alma calada

 

Dedilho rosários de esperança

Tu desafinas a minha sintonia

Verso em riste d'uma triste poesia

 

Os amigos alertam sobre os muros

Não vejo nada que me apontam

Sou carne solta sobre ossos duros

 

 

 

 

* Imagem de      br.freepik.com

 

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 24/03/2022
Reeditado em 11/04/2022
Código do texto: T7480195
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