ACALENTO
E houve aquele instante de nós dois.
Descobríamos noutro, outro mundo.
Talvez um menos caótico, mais profundo,
quando o riso era presente, não depois...
Eras meu amigo, comparsa, confidente.
Em silêncio, pecávamos sem delito...
Gozávamos, abafando no peito o grito,
ao nos deliciarmos, indecentemente.
Fui feliz, a primeira vez, sendo amada.
Fiz-te feliz? Apesar das minhas sombras?
Não sei precisar_ Já da vida não sei nada!
Tudo é fugidio... Passa na asa do vento!
Daqueles tempos, só mesmo a saudade
de ter sido querida n'alma _ acalento!