Soneto da saudade

 

Quando sentires a saudade retroar
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada instante está mais vivo!

(Soneto da saudade
, Guimarães Rosa, Minas Gerais, 1908-1967)

 

 

Se acaso tu sentires algum dia,

Da saudade, os punhais de finos gumes,

As lâminas dentadas, os relumes,

Da mágoa transmudada em nostalgia...

 

Se acaso eu te encontrasse eu te diria

Que sinto em minha tez os teus perfumes,

E fico feito pássaros implumes,

No ninho solitário da poesia.

 

Se acaso eu te encontrasse pela rua,

Diria que no sangue meu estua

A tempestade da paixão sem fim.

 

Se acaso me buscares só, lascivo,

Verás que a cada instante está mais vivo

Aquele antigo amor que habita em mim.

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 12/02/2022
Reeditado em 13/04/2024
Código do texto: T7450923
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