Efemeridade
 
... o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu (O primo Basílio, Eça de Queiroz)

É tão precário o amor, demais fugaz,
Na sua origem mesmo se agoniza,
Perfume que se evola em leve brisa
E logo adiante acaba, se desfaz.

De início é só delírio, sonho, paz,
Felicidade jura e profetiza,
Imorredoura, eterna, sem divisa,
Cadinho lá do céu consigo traz.

Mas o começo, em si, contém o fim,
Que chega mais depressa ou devagar,
Igual no vento o cheiro do jasmim...

Efêmero, tal qual a própria vida,
Mas deixa em seu lugar imenso esplim,
que a todo ser humano, enfim, lapida.

Edir Pina de Barros
Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO)
Cadeira 6 - Cecília Meireles
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 22/08/2021
Código do texto: T7326225
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