Efemeridade
É tão precário o amor, demais fugaz,
Na sua origem mesmo se agoniza,
Perfume que se evola em leve brisa
E logo adiante acaba, se desfaz.
De início é só delírio, sonho, paz,
Felicidade jura e profetiza,
Imorredoura, eterna, sem divisa,
Cadinho lá do céu consigo traz.
Mas o começo, em si, contém o fim,
Que chega mais depressa ou devagar,
Igual no vento o cheiro do jasmim...
Efêmero, tal qual a própria vida,
Mas deixa em seu lugar imenso esplim,
que a todo ser humano, enfim, lapida.
Edir Pina de Barros
Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO)
Cadeira 6 - Cecília Meireles
... o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu (O primo Basílio, Eça de Queiroz)
É tão precário o amor, demais fugaz,
Na sua origem mesmo se agoniza,
Perfume que se evola em leve brisa
E logo adiante acaba, se desfaz.
De início é só delírio, sonho, paz,
Felicidade jura e profetiza,
Imorredoura, eterna, sem divisa,
Cadinho lá do céu consigo traz.
Mas o começo, em si, contém o fim,
Que chega mais depressa ou devagar,
Igual no vento o cheiro do jasmim...
Efêmero, tal qual a própria vida,
Mas deixa em seu lugar imenso esplim,
que a todo ser humano, enfim, lapida.
Edir Pina de Barros
Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO)
Cadeira 6 - Cecília Meireles