Desencanto
(soneto glosado)
 
*De meu estado incerto, ou choro ou canto,*
Andejo sempre só de agosto a agosto
O gume dessa dor vincando o rosto,
A vida a me roubar a luz do encanto.
 
A seiva da saudade em mim decanto,
E sorvo-a, gole a gole, por suposto,
Prossigo em tal caminho, o mais oposto
a tudo o que sonhei, queria tanto.
 
O que fazer se muito assim te adoro
E em plena luz solar sozinha hiberno,
O frio a penetrar-me em cada poro?
 
Sem ti o meu viver tornou-se inferno,
No cimo da tristeza eu me alcandoro
*E tremo em pleno estio e ardo no inverno.*  
 
Edir Pina de Barros
Academia Brasileira de Sonetistas
Cadeira n. 6 - Cecília Meireles
 
Soneto CCLII - de Petrarca (Abertura)
*De meu estado incerto, ou choro ou canto,*
 
*Soneto CXXXII - de Petrarca (Chave de Ouro)
*E tremo em pleno estio e ardo no inverno.*  
 

 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 06/08/2021
Reeditado em 17/08/2021
Código do texto: T7315280
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