Minh ’alma aflita jaz amargurada,
vazia por completo de esperança!
Parece a igreja, agora abandonada,
onde eu rezava, em tempos de criança.

No escombro o que sobrou, triste fachada!
A torre carcomida que balança!
Do intenso brilho não ficou mais nada,
no altar ebúrneo em que eu sonhei bonança.

O tempo é dádiva, é também castigo,
da vida frágil, tétrico inimigo,
a tudo mata, reduzindo ao pó.

A catedral dourada dos meus sonhos,
desmoronando em baques tão medonhos,
levou-me a tudo, sem remorso ou dó.


Interação honrosa de Ansilgus:

SONETO - Recordações – 02.07.2021 (NPRL)

 

 

Sem remorso ou dó quase perco a fé,

De fomentar o meu futuro incerto,

Apelei pra Jesus de Nazaré,

Um novo mundo pra mim foi reaberto...

 

Na velha catedral da freguesia,

Onde meu sonho sempre renascia,

Tive respostas pra tudo em boa hora,

Tudo isso me serviu de ampla escora...

 

A velha igreja hoje em cena triste,

O tempo carcomeu sua figura,

Mas no meu peito ela ainda resiste...

 

E como me recordo da brancura!

Das paredes tão sólidas de então,

Que o tempo incauto pôs na escuridão.

 

SilvaGusmão

 

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 01/07/2021
Reeditado em 03/09/2022
Código do texto: T7290343
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