O MESMO LAÇO

Já não são infernais os teus meneios,

Não mexes mais o corpo como as cobras

Que tanto imitavas, hoje as dobras

Impedem-te os lascivos bamboleios.

Se a vista vai do colo para os seios

O que se apura apenas são as sobras

Da menina que eras e em más obras

Fazia rebuliço nos recreios.

Mas teu corpo ainda guarda alguns traços

De juventude e os carinhosos laços

Que me prendem são os que ninguém mais tem.

E ainda ouço à noite os sons febris

De quando eram jovens os quadris

Que ao mesmo ritmo antigo me contem.