Através da vidraça
Através da vidraça vejo a chuva cair;
Seus leves pingos quais lágrimas descendo,
Na face árida da terra... a alma sucumbir
Aos poéticos versos que vão nascendo.
Através da vidraça vejo a amena tarde,
O sol sumir na linha do horizonte;
Minh’alma voar, beber água da fonte;
Uma inspiração aos poucos vem e me invade.
Através da vidraça eu vejo a noite chegar;
Bafejar no vidro todos os seus segredos,
Trazendo novo encantamento a meus medos.
Através da vidraça vivo sempre a olhar,
Meu próprio mundo, questionamento interior;
Refaço minha esperança, reavivo o amor.
Cálido verão
Chega assim mais um cálido verão
Afogueando o corpo qual paixão;
Apaixonante como o calor do sol
Lânguido como a brisa do arrebol.
Trás na face uma segunda intenção
Inebriando a alma qual a canção;
Nos dias quentes vem o temporal,
Nas manhãs amenas, sutil vendaval.
Sopra meus versos, rimas do coração;
Voa c’o vento no dourado da tarde,
Luz ardente, minha doce ilusão.
De todas a mais caliente estação,
Vento, chuva e sol... amor passageiro,
Ah! Liberdade... cálido verão...
Êxtase
O olhar impetuoso convida ao amor;
Mãos que percorrem insinuam o prazer;
Corpos se encostam, aquece o clamor;
Sentidos vagos explodem o querer...
Beijo molhado, a excitação aumenta;
Toques inusitados, sangue a ferver;
Corpos se entregam, a carne esquenta;
A dança frenética faz enlouquecer...
Dilatam-se os poros, suor a escorrer;
Nos desalinhos da impudica paixão
Sussurra desvarios vis a padecer...
Flutuam corpos, almas a esmorecer...
Faíscam estrelas, jorra a densa fonte,
Sagrado êxtase, limite do prazer...
Noites de inverno
Fim de Junho! Cai a temperatura.
Veste-se de névoas a doce tarde.
O sol desce de sua real altura,
O vento agita, a noite invade...
O silêncio vem no vão da janela,
Afaga os sonhos num leve abraço;
Suspira o coração, a alma gela...
No branco papel os versos traço.
Durmo nos braços do quente morféu,
Aninhada em meu macio edredom,
Sonhando a presença do carinho teu.
Sonho teu corpo, exalo teu calor...
Escalo o dorso de sua montanha,
Derreto o bloco de gelo de seu amor.
Trilhas
Meu caminhar me guia por sendas
Abertas na palma de minha mão.
A chuva chove por entre fendas
Cobre minhas veredas a escuridão...
Vaga o olhar bem além do horizonte
Prisioneiro de pés que andam no ar,
Sobre os seixos do rio no monte,
Em águas do destino hoje a trilhar.
O chão do silêncio segue a pista.
O rastro da alma inquieta a vista
Na direção de um tempo infinito.
Caminhos da existência sufocada
Em trilhas que me levam a sonhar
Sonhos amarelos... Um eterno andar.
Alguns sonetos que ainda não tinha publicado pro aqui. São dos primeiros que fiz, por isso nem sei se podem ser chamados de sonetos. Enfim... Um domingo de outono quente por aqui. confesso que meu ânimo não está dos melhores ultimamente. Não se é o calor, a idade, pandemia... Sei lá, mas vou seguindo de lguma forma. saudades de todos. Feliz domingo.
