O que sei...
 
Toda essa devoção que por ti tenho
amor meu, o querer tanto a ti— receio—
sempre trouxe comigo no meu seio
por todas fantasias que resenho;
 
d’algum mar marciano, d’algum veio
d’algum solo lunar e que retenho...
O que sei é que brotou a seiva do lenho.
Uma árvore cresceu — nasceu o centeio...
 
Jorrou a fonte— colhi a seara nova —
“germinações de mim desconhecidas” ,
questionara o poeta certa vez...
 
Ninguém sabe estas coisas e nem prova.
Sabem apenas: podem ser sentidas,
como o calor, o frio, a embriaguez...
 
 
[1] Grifo: Pablo Neruda

 





Canto ou vento...
 
Ah!Tua voz amor, " foi o canto célebre".
Os sussurros do vento — não sei ao certo...
Sei, contudo, que o rosto ardeu em febre,
pois senti teu calor de mim tão perto.
 
Sim, aquela voz foi o célebre canto
e foi o vento contando teus segredos.
De súbito te amei. Mas não me espanto,
pois — milagre maior— levou meus medos.
 
E feito “rosa aberta ao vento” , leve
eu lhe cantei meu amor tão docemente
temerosa ousadia”, um tempo breve...
 
Mas o bastante para quem se atreve
se perder numa rouca voz ardente...
Canto ou vento?  Só um verso meu descreve.
 

 
 
[1] Grifo: Vinicius de Morais

 






Para provar...
 
Inventastes agora a plantar lírios.
São para mim — dizeis— e de repente
fico a imaginar seus doces delírios
a vigiar as folhas tão recentes!...
 
Procurando já flores— belos círios.
Amarelos, vermelhos? Já pressentes
que a meus olhos serão brandos colírios
nas manhãs junto aos beijos ternos, quentes.
 
Por ora são só bulbos e só folhas,
e este carinho teu que os alimenta
como se alimentasse nosso amor...
 

Amanhã serão flores — tuas escolhas
para provar o amor teu que me alenta;
provar tua ternura e teu fulgor...

 
 
 






Por nosso amor...
 
Nasce uma margarida em teu jardim.
Tão tímida, tão doce, tão amarela!
Tu — do teu jeito — pintas a aquarela
só pra dizer que a flor nasceu pra mim.
 
Pois só tu sabes como ela revela
tanto do meu passado — que foi assim...
Podia ter sido outra flor — jasmim...
Mas não... Foi a margarida — sim, foi ela...
 
Foi ela que trouxe a minha primavera.
E foi ela que inventou nossa quimera.
É o nosso talismã, a bela flor...
 
Agora no jardim teu, ela floresce.
Isso é bem mais que minha alma merece,
pois se a plantaste, foi por nosso amor.
 

 






 
Desejei-te...
 
Sabe amor, desejei-te ali na margem
de teu velho Araguaia — sim talvez...
Águas indo pra seu destino. Crês?
Olhando-me — tu— por entre a folhagem...
 
Desejei- te ali quase uma miragem.
Um sonho tão lindo! Uma embriaguez...
Ancorei-me em teu porto... Insensatez?
Escolhi o coração teu— selvagem...
 
Um olhar a voar como as gaivotas,
abrindo o ar; abrindo mi’as comportas;
roçando aquelas águas densas —turvas...
 
Um beijo afastando as folhas mortas;
galhos, seixos trazidos pelas chuvas...
Desejei-te, o Araguaia, suas curvas...
 
 






O último verso...
 
Este será, talvez, o último verso.
Mas nele saberás que te amo tanto!
Sim, amo de meu jeito tão complexo!...
Às vezes tão profano!  Ás vezes santo...
 
Amo-o na timidez... Amo-o no sexo.
Amo-o até quando choro ou quando canto.
Amo-o quando me calo ou me confesso...
Amo- o como meu sonho ou meu quebranto.
 
Assim, tudo em ti amor, é patrimônio
e ficará pra sempre nos sonetos.
Mas ninguém saberá senão eu e ti...


Juntos vamos estar, como o criptônio
na lâmpada ou laser —feito dueto.
Embora estejas tão longe e eu só, aqui...


 


IMAGENS – Coby, o gato de  olhos azuis enormes e mais lindos do mundo e de pelo curto inglês , de personalidade forte cujas fotos têm feito enorme sucesso na Internet. FONTE  DAS IMAGENS https://www.instagram.com/cobythecat/

 
 E essa finalmente é a última série dos sonetos de meu livro de bolso SONETOS PARA UM AMOR que publiquei em 2016. e até hoje não entendo como tive inspiração para escrevê-los, pois foi um ano bem dificil na minha vida. enfim... ando sumida e sem inspiração até para postar até mesmo os poemas que já estão prontos.  Imagino ser a situação atual que não está fácil com essa pandemia que ainda assola o mundo. Inclusive minha cidade está de luto oficial, pois só ontem partiram 3 vitimas do covid, inclusive um moco filho de uma amiga de infãncia. Imagine partir 3 numa cidade tão pequena como aqui e ainda fiquei sabendo que há 8 no oxigênio no pronto socorro. como julgar num momento desses? só rezar mesmo e se cuidar, embora pareça que o cerco esteja se fechando. Mas confesso bem deprê com tudo isso. Saudades de todos e vou tentar estar aqui esses dias. Tenham uma linda noite.
 


INTERAÇÃO DO NOSSO QUERIDO Trovador das Alterosas
 
 
ME LEMBRO
 
O lírio sim, confissão em cores,
Tu sentiste carinhos por ela
Sem esquecer, plantei meus amores
Na margarida cor amarela.
 
Era uma loucura sublime
Talvez um mal, porém necessário!
Pois todo perdão para tal crime
Veio nas ondas do nosso calvário
 
Dentro do templo da natureza
Mãos enlaçadas juramos amor
em pecado, somente beleza
 
Nadamos no mar da incerteza
Das batalhas ainda sinto o calor
Lembrança pra amainar tristeza.
 


Obrigada pela interação caro Trovador. Eu fiquei encantada com o maravilhoso soneto.   Valeu.