Todas as manhãs...
Quando no teu jardim florescem rosas,
inventa-lhes, tu, nomes, tal menino,
tocando-lhes as pétalas sedosas
como se toca um rosto leve e fino...
Depois vem me dizer feliz, sorrindo,
que os nomes têm pedaços só de mim;
tem a cor do desejo meu se abrindo
e tem o mel das rosas do jardim...
Então todas as manhãs tu vens amor
com uma linda rosa em tuas mãos,
um mimo teu, de rocio ainda molhado.
E me oferece então divinas bênçãos
envoltas no querer teu e no dulçor
de um lindo verso e um beijo demorado...
Entre aromas...
O aroma desta tarde está tão quente!
Em vão abro meu sorriso ou mi’a janela.
Espero qualquer coisa inutilmente.
A brisa da manhã... Ah! Onde estará ela?
Ah!Partiu com as horas— inclemente?
Ela suavizaria enfim a tela...
Mas não, como tu está também ausente
E sem ambos a tarde desmantela...
Faço então qualquer coisa —crochê—
Em cada ponto penso só em você.
E assim eu vou tecendo nosso amor...
Enquanto o dia faz-se degradê,
alguma flor desprende já seu olor.
E eu? Fico aqui, entre aromas e calor...
Regressei...
De viagens e dores [...] regressei”,
disse Neruda. Agora eu lhe direi
amor meu: regressei da minha dor,
embora pelos campos não haja flor...
Apenas um “âmbar dormido”. Eu sei,
é outono— folhas mortas que cismei
transformar nesses versos doce amor...
Sem eles regressei— sem o fulgor...
Mas regressei. Aos meus sonhos, à ilusão,
“ao fogo que interrompe com [seus] beijos
o outono”. Tu bem sabes como inflamo...
Eu regressei, “à tua voz, à tua mão [...]
“custodiando” tal vento os desejos
de toques e sussurros... Como te amo!...
Todos os grifos: Pablo Neruda
Saberás...
E, se um dia vieres, saberás...
Saberás desse amor que lhe devoto.
Do amor que nos meus versos eu denoto
em metáforas, rimas— Saberás...
Porque só o toque meu revelará
todas as ânsias minhas— como aporto
em teu peito só para ouvir teu voto
de amor eterno: “em mim tu ficarás”...
Fita então amor, meus olhos— Saberás...
como de amor vos falam— do desejo
que enchia nossas tardes, nossos beijos...
Saberás... E só então me tomarás...
Talvez não tenhas tu outro momento,
pois tudo passa... Passa feito o vento...
Estamos juntos...
Amor, não amanheceu ainda a primavera
— outra vez— mas estamos juntos, juntos,
como está pelos muros a doce hera
ansiosa, prendendo-se aos rejuntos...
Ainda estamos juntos amor meu.
Juntos dos brotos, folhas — das raízes...
da flor perene — flor que floresceu
tão precoce de amor e seus matizes...
Estamos juntos — sim— e já não importa
que nossas estações sigam — a porta
abre-se e está o jardim lá, e seu fulgor...
Já há uma primavera tão presente!
E tínhamos que amar-nos simplesmente...
Por isso estamos juntos — haste e flor...
Um caminho...
Um caminho não tem estrada certa:
o caminho do amor— disse um poeta...
Por mim— um sonho só— imaginado...
Um cenário tão lindo desenhado
com dois corações numa selva quieta.
E samambaias numa trilha aberta,
rumo ao sol —um infinito assim plasmado
em cada curva e cor — verde, dourado...
Um caminho onde até mesmo os espinhos
exalam o perfume das folhagens
e as pedras acalentam nossos pés...
Um caminho de fontes, sombras, ninhos...
Mas onde nos amamos pelas margens
das convenções, dos ciclos, das marés...
Essa série de sonetos é de meu livro de bolso SONETOS PARA UM AMOR, publicado em 2016
e está disponível em várias livrarias online. Algumas delas nesses links:
https://www.amazon.com.br/dp/8591709527/ref=asc_df_85917095271602597600000/?creative=380333&creativeASIN=8591709527&linkCode=asn&tag=zoom059-20
https://clubedeautores.com.br/livro/sonetos-para-um-amor
Restam apenas mais duas séries para eu postar aqui. Espero que gostem.
IMAGENS – Coby, o gato de olhos azuis enormes e mais lindos do mundo e de pelo curto inglês , de personalidade forte cujas fotos têm feito enorme sucesso na Internet. FONTE DAS IMAGENS https://www.instagram.com/cobythecat/