TE AMO...

Há um vago silêncio sulcando as madrugadas e os mares

fazendo chover na pátria do corpo domínios de pedra em fúria

tento: mas o tempo vai fechando a porta ao lamento do poeta

trazendo em seu ventre a solidão amarelada das bocas do vento...

derramando ausência por esta minha sede eterna

fazendo regressar aos olhos do mar tuas tantas almas aromas palpitantes e o fogo genital de tua geografia multiplicada

enquanto o amor cheio de tempestades vai fugindo assim...

desditoso lacerado naufragado no inumerável quebrar de ondas

que se debruçam sobre o mar sacudindo espumas flutuantes

crepúsculos sonhos de asas quebradas bocas rubras rasgadas...

E se resisto às noites negras que caem sobre o mundo inclementes

lacrando para sempre o sorriso de teus lábios em meu deserto país...

É porque te amo mais, muito mais do que dizem os pobres versos meus

Paulo de Barros
Enviado por Paulo de Barros em 24/10/2007
Código do texto: T707748