Soneto assombrado

És a sombra maltrapilha

lambe o sol mas nunca brilha

não põe traços ao meu rosto

não tem gestos nem tem gosto

És a sombra desenhada

na cortina da calçada

tira lascas de minh'alma

tanto acoça quanto acalma

Como és sombra és de mentira

és do rifle a falsa mira

és da cor do falso amor

Se hoje bailas no tablado

se recita-te ao meu lado

é que és sombra do que sou.