Se não fosse...
 
Se não fosse por ter a cor do céu,
os teus olhos — do céu, também do mar...
Se não fosse porque roubas meu mel
e porque tu me tragas no teu olhar..
 
Se não fosse por esta tua ternura
com que tu me possuis, também me amas...
Se não fosse por toda tua loucura,
esse jeito viril com que me inflamas...
 
Oh! Meu tão doce amor, não te amaria!
Nem acalentaria esse meu sonho
— esse sonho de amor — e a fantasia...
 
É por isso que nesses versos ponho
— talvez, nas entrelinhas— mi’a alegria;
mas o poema é para ti que componho...



 


 

 





Saudades...
 
Saudades! Sim, amor... E solidão...
Tu sabes quanto nosso sonho é tão alto!
Que penso- o eterno, embora a sobressalto...
Que às vezes me dói, dói tanto a ilusão...
 
Dói pensar no amanhã. O tempo é um salto...
Tudo é incerteza. Tudo... Como é vão!
Até mesmo a farinha que faz pão...
As horas que se perdem pelo asfalto...
 
Mas não é vã essa saudade, ó doce amor...
Não a escolhi e, no entanto, já pressinto:
como ela faz lembrar o teu fulgor.
 
Sabes também amor, eu não lhe minto:
embriaga-me, inclusive a tua dor...
Saudades! Sim... Amor... É um vinho tinto...

 

 

 

 


 





O sonho era eu...
 
Eras tu — o trovador — o poeta ardente         
"que à noite quando voa a fantasia”,
inventava cordéis, trovas, repentes...
Coisas que só conhecem quem as cria.
 
A musa? A lua. Linda.  Mas pressentes
que no brilho da lua alguém sorria.
Sob um pálido rosto, um olhar quente...
Tu eras o trovador — e tu sabias...
 
Que aquele olhar quebrava a solidão
das insônias da noite, madrugada...
E já não estava só — tinhas o sonho...
 
E o sonho era eu — etérea inspiração
do verso, o canto terno — a namorada...
A lua? Ah! Era a cúmplice do sonho...



Grifo:Castro Alves

 

 


 




Dos sonhos...
 
Final de outono... Penso doce amor,
em como estou tão só!  Tu ainda não vieste...
Resta-me então o edredom — o seu calor...
O vento frio invade já o sudeste...
 
As noites são tão longas! Não há fulgor...
Meu corpo se fez seco e tão agreste!
Durmo assim com o tempo, sem dulçor.
 Fria qual estrela, esplêndida e celeste...
 
Ah! Felizmente “as noites são de sonhos”.
Disse-nos Shakespeare a qualquer dia,
e só por isso a noite não é vazia...
 
Pois é sobre os lençóis que tudo exponho,
a dormir ou acordada, a fantasia...
Ah! Poeta, não é vã a filosofia...


 

 


 





Há coisas...
 
Olhe, doce amor quero lhe falar:
há coisas que se perdem tal qual o ar.
Uma verdade, um sonho, nossos versos...
Vamos criando, assim, nossos complexos...
 
Como: o tempo querer manipular...
Na taça: o vinho, seu ontem continuar...
Nas células dos risos e dos sexos:
a boca estabelece o pão, universos...
 
Mas ao vento da vida que obedecem
as coisas, já dizia o pobre poeta
à Matilde, seu doce e puro amor.
 
Eu digo amor : há coisas que se esquecem
os amantes. Fiquemos, então alerta,
pois até o céu se fecha sobre a flor.



* Matilde:  o amor de Pablo Neruda e a quem dedicou os cem sonetos de amor.

 

 


 





Não percamos tempo...
 
Olhe, a “porta noturna se fecha
e eu lhe peço meu amor: sonhe comigo.
E enquanto sonhas beije cada mecha
que se estende em teu peito — doce abrigo...
 
Tudo é passado e a noite é como flecha
que aponta para a aurora feito trigo
madurando por entre canas, brechas
— dourado e úmido. Ouça o que lhe digo:
 
para nos amar, não percamos tempo.
Quando amanhecer já seremos pão;
todas as ilusões serão orvalhos...
 
Atrás de nós , a estrada e algum templo
entre cipoais . Fica a comunhão,
 as gotas, as migalhas, os atalhos...
 


 

 



IMAGENS – Coby, o gato de  olhos azuis enormes e mais lindos do mundo e de pelo curto inglês , de personalidade forte cujas fotos têm feito enorme sucesso na Internet. FONTE  DAS IMAGENS https://www.instagram.com/cobythecat/

 


 


INTERAÇÃO DO QUERIDO AMIGO E POETA TROVADOR DAS ALTEROSAS



Obrigada imensamente nobre poeta Trovador,  adorei tuas quadras.

 


Interação do caro poeta Luiz Eduardo

 

 

Jamais tanto eu me inspiraria

torno a ler com o mesmo sabor

um poema de poás ou de amor

que sói tu, de beleza, o escreveria.

 

Faço-te minha consulta do dia

da forma que foi a primeira – ardor

e mais te aprecio e dou-te valor

sem ti, tua arte, quem a faria?

 

Não se fecham meus olhos nas folhas

Mais forte é a tua essência

Dos impecáveis enredos que escolhas.

 

Voltarei? Por certo, assim acontecerá

teus versos de tanta eloquência

creio que eles não têm um xará.

 

 

Encantei-me com teus versos. Agradeço imensamente

 

 



Olá caros amigos, essa é a quarta série de meus sonetos do Livro SONETOS PARA UM AMOR,  e que eu ainda não havia postado aqui.  Falta ainda , talvez umas 3 séries para acabar. Magnificos sonetos. Espero que gostem. Tenham um lindo final de semana. Até mais...