POÇO (soneto)

Dizem que a saudade é a dor profunda

Que no peito nem o suspirar a estanca

Todos querem tirar, mas pouco arranca

E se mais a cava, tanto mais se afunda

Contudo, padece sempre, ó prava tunda!

Que nessa sofrência mina e desbarranca

E vai dando aflição, tão velhaca retranca

Que desalenta e de insatisfação inunda

Quanto vazio, e noite que não encerra

Dando ao olhar um gemido que berra

Té que o silêncio a prostração convida

E então, nesta lavra tão árida e tão nua

Que na lembrança só se tem a falta tua

Sufoca, estrangula e empobrece a vida!

© Luciano Spagnol -poeta do cerrado

20/07/2020, 09’46” - Triângulo Mineiro

Vídeo – Canal no YouTube:

https://youtu.be/3h8ufqe8zc0

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 20/07/2020
Código do texto: T7011194
Classificação de conteúdo: seguro