Despedida

Olhar vazio, pálido sorriso
no lívido semblante esvanecido,
o gesto de carinho interrompido,
no derradeiro aceno, tão conciso.
 
E na marmórea cútis o impreciso
e róseo tom pastel, sem luz, sentido,
no corpo enregelado, combalido,
a marca de um adeus, extremo aviso.

 
Na soturnez do instante, tão sozinho,
os olhos baços,  corpo em desalinho,
alçou, enfim, o voo irreversível.
 
O que fazer se a alma-passarinho
um dia voa e vai fazer o ninho
na intimidade morna do invisível?

 
Edir Pina de Barros
 
Brasília, 29 de Junho de 2.020.
 
 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 11/07/2020
Reeditado em 17/07/2020
Código do texto: T7003226
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