O MADRIGAL DAS ROLAS

Fluem meus passos através da orvalhada

Na indecisão da ténue e branda claridade

E ao som do arrulhar das rolas da calçada

Acabei atenuando os meus ais d´ ansiedade.

Por entre os verdes arvoredos do calmo bosque

Fez-me bem esta descontraída caminhada

Que reavivou em mim um salutar retoque

Para cuidar duma terapia apropriada.

Vestido de silêncio, logrei fruir, e bem

Este meu madrigal que, por ora, me retém…

O sol anda vadio e não revela o rosto –

Aquele rosto que todos os pássaros veneram –

Mas as cantantes rolas gozam a contragosto

O primaveril prazer que ainda não tiveram.

Ao meu lado, caminha a brisa baloiçante

Que noutro tom vai sussurrando suavemente

Uma ária de saudade longa e deslumbrante

Que sobe do meu corpo e bate à minha mente…

Ai rolas, ai rolas, deste madrigal singelo

Trazei o vosso canto para o meu castelo!

Frassino Machado

In INSTÂNCIAS DE MIM

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 06/04/2020
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