OUTRO CARNAVAL

Longe do agitado turbilhão da rua

Eu, num oco silêncio e aconchego

Do quarto, relembro, num sossego

Os carnavais com a folia toda nua

Mas a saudade palia de desapego

De desdém, mas numa trama sua

De tal modo que a solidão construa

Lembranças, e assim eu fique cego

Teima, lima, este fantasiado suplício

Dum folião, com o seu efeito de ter

Que no tempo não tenho mais início

Porque a disposição, gêmea do querer

A alegria pura, tão inimiga do artificio

Agora é serenidade e fleuma no viver...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

21 de fevereiro de 2020, Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 21/02/2020
Código do texto: T6871382
Classificação de conteúdo: seguro