POETANDO O VENTO (soneto)

Melancólico, gemem os ventos, em secas lufadas

No cerrado do Goiás. É um sussurrar de ladainha

Em tal prece, murmurando em suas madrugadas

Do planalto, quando a noite, da alvorada avizinha

Sussurros, sobre os galhos e as folhas ressecadas

Sobre os buritis, as embaúbas, e a aroeira rainha

Que, em torpes redemoinhos, vão pelas estradas

Em uma romaria, lambendo a sequidão daninha

Bafejam, num holocausto de cataclísmica rudeza

Varrendo os telhados, o chão, por onde caminha

Em um cântico de misto de tristura e de euforia

E invade, o poema, empoeirado, com sua reza

Tal um servo, em súplica, pelo trovar se aninha

O vento, poetando e quebrando a monotonia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

10/01/2020, 05’35” - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Vídeo no YouTube

https://youtu.be/zhZNEcQyBZI

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 10/02/2020
Reeditado em 10/02/2020
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