CALABOUÇO (soneto)

Ah! quem há de amar, amor inconstante e criado

O que o coração sofre, e a poesia cria impotente

Sangra, chora, pena e arde o sentimento da gente

Nas lágrimas poetadas num recanto aprisionado

O pensamento escreve, e o desagrado fica ao lado

Catucando a alma com seu olhar tão descontente

Quando nos versos teria que ser o trovar diferente

E, insistente, se faz a melancolia hospedada no fado

Ó palavra pesada, rude, fria e espessa, que penaliza

Abafa a ideia leve, e do sonho põe-se num paralelo

Onde refugia a solidão, numa escuridão governanta

Quem pode achar a expressão tenra, tal afável brisa?

Que sopre rimas que nunca foram ditas, de teor belo

E venha ao amor confessar agrado preso na garganta!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

07/01/2020 - Cerrado goiano

Olavobilaquiando

Vídeo no YouTube:

https://youtu.be/Ntjghq3aCtU

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 07/02/2020
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