TROCA-TINTAS

TROCA-TINTAS

Na arte, nunca passei d'um troca-tintas,

Dou demãos onde mijam os cachorros...

Mas sei telas os muros pelos morros

D'onde as letras irrompem-me retintas!

Por preferir-me frases mais sucintas,

Recebendo ora tapas ora esporros,

Um malandro das letras sem socorros

Eu me fiz para o bem de minhas pintas.

Quem me conhece sabe d'estas sardas,

Que mal me salpicou às faces pardas

Um anjo torto logo que nasci.

Correm por aí, qu'eu sei, minhas mazelas.

Mas só quem escreveu n'essas favelas

Foi artista como eu sou por aqui!

Betim - 23 10 2019