Soneto Do Vento
Perde-se meu olhar na noite calma,
ouvindo bradares nas trevas sem fim.
Teu canto que despertas na alma,
perdidas as lembranças dentro de mim.
Ó vento, que entoas venturoso
o teu canto, a mágoa, que os deixastes...
Outrora, meu amor, tão lacrimosos,
estes que por ti também chorastes.
Primavera traz-me enquanto ando
das manhãs, o lírio, que exala p'los ares,
a paz que consolas o peito miserando.
Ai, viestes lento com teu canto soturnal,
desfolhando as flores tumulares,
onde jazes, cada um, teu sono eternal.