Soneto Da Crença
Abertos os braços como uma cruz,
ficaram por nós. - Ai como sofreste...
Para os páramos subir envolto d'uma luz,
por nós, no vale dos mortos desceste.
Pecador o homem qu'derramas o teu pranto,
crês um dia, solitário, solitário...
Tocares, etéreo, o teu manto,
alma, quando findares o teu fadário.
Tu, que neste solo andas a sonhares,
deixar irá este mundo, triste e vário,
sem dele certamente nada levares.
Sagrada como a hóstia no sacrário,
no peito, trago-te, sem cantares,
cobrindo-lhe como se fosse um sudário.