Soneto Da Crença

Abertos os braços como uma cruz,

ficaram por nós. - Ai como sofreste...

Para os páramos subir envolto d'uma luz,

por nós, no vale dos mortos desceste.

Pecador o homem qu'derramas o teu pranto,

crês um dia, solitário, solitário...

Tocares, etéreo, o teu manto,

alma, quando findares o teu fadário.

Tu, que neste solo andas a sonhares,

deixar irá este mundo, triste e vário,

sem dele certamente nada levares.

Sagrada como a hóstia no sacrário,

no peito, trago-te, sem cantares,

cobrindo-lhe como se fosse um sudário.

ThiagoMac
Enviado por ThiagoMac em 19/09/2019
Reeditado em 02/10/2019
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