Soneto Da Crença

Abertos os braços como uma cruz,

ficaram por nós. - Ai como sofreste...

Para os páramos subir envolto d'uma luz,

por nós, no vale dos mortos desceste.

Pecador, o homem, qu'derramas o teu pranto,

crês, quando se fores nessas vagas...

Tocares, etéreo, o teu manto,

alma, tocares etéreas tuas chagas.

Tu que neste solo andas a sonhares,

deixar irá este mundo, triste e vário,

sem dele, certamente, nada levares.

Sagrada como a hóstia no sacrário,

no peito, trago-te, sem cantares,

cobrindo-lhe como se fosse um sudário.

ThiagoMac
Enviado por ThiagoMac em 18/09/2019
Reeditado em 11/10/2019
Código do texto: T6748295
Classificação de conteúdo: seguro