RISCA DE GIZ

RISCA DE GIZ

Aquele que não sou se veste bem...

Procura s'espelhar nos homens finos,

Que suavizam com modos fidalguinos

A vida em sociedade que os sustém.

Pondo o fato que exacto me convém,

Transporto-me a charutos vespertinos

Na vã conversação dos libertinos

Em torno do que foi e do que vem...

Há-que se lembrar sempre como as luvas

Ao vestir-nos as mãos se nos prepara

Para o delicado cálice das uvas.

Do mesmo modo a fazenda rara

Toda em risca de giz, dos manda-chuvas,

Dá às rimas do poeta voz preclara!

Belo Horizonte - 16 06 2019