Noturno
Ouvias o céu os meus pesares,
eu, que um dia, fiquei olhando tristemente...
Como ave solitária indo pelos ares,
o tempo, que passavas vagarosamente.
Dizia-me a morte... "Em meu colo,
tu que vais por este a caminhar...
Um dia, na frialdade deste solo
em que pisa hás de repousar."
Ó lua bela, lua branca e crescente
és a dor que este peito aqui sente.
Lua clara assim como um arminho...
Sereno vou seguindo meu fadário,
vendo tu, envolta em teu sudário,
outra vez, iluminares, meu caminho.