Cinzas
Num silêncio profundo cantou a vida,
por estes ermos enluarados que seguias...
Perdidas notas, soaram, perdidas
notas que na alma me ferias.
Noite fria, ao meu encontro, tu vieste,
e o céu assim seguistes o teu canto...
Negro, a cobrir, como um manto,
ave triste que repousa num cipreste.
No coração guardei d'outras eras,
a imagem de um sonho pulcro...
Relembrando o florir das primaveras.
Cinzas que restaram de passadas mágoas,
tirei-as do coração velho sepulcro,
e o tempo, as levou, em tuas águas.