Pérfido Mise-en-scène
Num anseio ensandecido, apenas suspiro;
Por onde passas, perfume logo deixas,
O ditoso vento afagando tuas madeixas,
E eu só suplantado neste drástico retiro,
No fel, longe dos teus lábios de ameixas.
Ante as flores, o jardim na tua alma admiro,
Beleza exterior e intrínseca, a essas me refiro.
Ao Céu ou ao Inferno dirijo minhas queixas?
O cotidiano me atira sob o açoite do algoz,
Tão afastado de ti, jamais ficamos a sós,
Sigo enclausurado neste círculo de langor.
Pérfido Mise-en-scène, uma tétrica trama,
Não vislumbro solução para este drama,
Resta-me o lamento, saiba não há pior dor.
T. S. Sevla