ALMA IMORTAL
À Notre Dame da alma cumpre arder
Sem termo, alheia a cinza, tempo e dor --
Seu brilho vem de chamas dum teor
Perpétuo, avesso a fogo vão qualquer.
Aqui, no que é aparente, a cinza quer
Contar ao vento a História num rumor
Mais falso que as paixões -- ao seu redor
O Abril corrompe, em tramas, ser e ter.
Seremos mais que a luz que dura e dói
Na marcha desses dias rumo ao fim?
No que virá perdura o quanto foi?
Não pode contra a alma o sol, cupim,
Nem nada que desfaz, reduz, corrói
Pois sempre ascende e é sempre a mesma, assim.
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