O Tempo
Lembrei-me quando andavas, um dia daquela
que brotastes e que era majestosa...
Mas o tempo desfolhastes, pétala por pétala,
o tempo, desfolhastes minha infância venturosa.
Lírio belo e sagrado, nos altares
da igreja deserta de outrora...
Morre triste em meu peito sem cantares,
como à noite ao nasceres d'aurora.
Neste breve caminhar sem teres norte,
vive o homem de mãos dadas com a morte,
vivo eu, a caminhar assim com calma...
Pois quando, acendo-te, ó círio da saudade,
sinto, na deserta e fria soledade,
tua chama a queimares minha alma.