Manhã
Manhã quando bateres em minha porta,
e abrires, clara, tuas asas de marfim...
Leve deste peito, o tédio, das horas mortas,
e pulsando deixes a alegria em mim.
Quando se fores no andor do meio-dia,
quando triste, se fores no andor silenciosa...
Vai a tarde me trazer melancolia,
outra vez, a tarde, ser-te-á tão tristurosa.
Outra vez virá à noite, que do alto o sol apaga,
e o céu torna-se negro, e à lua nele vaga,
vaga, ó lua, que o negro céu encanta...
Eu espero as lembranças para vê-las,
no doirado etéreo das estrelas,
na palidez ebúrnea de sua face branca.