Algo de teu procuro em todas as mulheres
Que vejo nos ônibus, nas ruas e nas praças.
Olhos, os cabelos, o perfume que preferes,
A emoção que sempre fica quando passas.
 
Em uma delas imaginei reconhecer a boca,
Cereja laqueada em mel, a rubra guloseima.
Em outra os mesmos pés, as mãos, a roupa,
Só aparências alimentando a minha teima...
 
Em algumas quase reconheci as tuas linhas,
Mas não tinham o acabamento de um artista
Nem as orelhas que copiastes às conchinhas.
 
Agora sei que se Deus fez alguém igual a ti,
Como eu, Ele é também um grande egoísta,
Pois que deve ter guardado somente para si.