Se a morte não vem
Espocam no céu tinto de poluentes
Desgraças novas, cintilantes, jornais,
Notícias e desesperanças triviais,
Infectando os corações e as mentes,
Mas que faremos se mantivermos os dentes?
Que será de nós sem dez mil funerais?
Que há de ser das tardes dominicais
Caso não se extingam todas as gentes?
Ora indago, ante as aflições prementes,
E o catastrofismo já nas rezas matinais,
Se fomos convencidos a sermos impotentes,
Se urge mudarmos mas quedamos reticentes,
Estaremos perdidos, sem barco nem cais,
Se os cataclismos forem todos insuficientes ?