Soneto
Aqui onde mora erma a saudade, descansa
à sombra de um martírio tão tristonho...
Silente como a flor, ó pobre sonho,
que os ventos dessa vida não balança.
Sofre quedo, o coração, sem teu manto,
segue o homem, merencório, em seu fado...
Soluçando, as amarguras, de um lado,
e do outro, soluçando, um triste canto.
E de novo quando cai à névoa calma,
e a tristeza vem bater em tua porta,
vai de novo, tu sofrer, ó pobre alma...
Vai de novo, se apagar, em ti o círio,
e cobrir irá teu sonho, sombra morta
e o silêncio eternal deste martírio.