PEQUENA ETERNIDADE

Para a eternidade de alguns dias,

Nasceu uma açucena em meu jardim

E enquanto ela floriu deu alegrias

Ao sorrir como a Deus um querubim.

Sempre quis ser a boa mãe das crias,

Quatro flores manchadas de carmim,

Talvez, indiferente a fantasias,

Soubesse ter das conchas igual fim.

A vida resumida a por à mostra

As flores raras pérolas de ostra

A enfeitar o colo da manhã.

A vida é episódica, me disse,

Depois das flores mortas, tal me visse

A pensar sobre o quanto a vida é vã.