A BOLHA

Incauto, dedicava o sentimento

àquelas juras que disseste eternas

e, agora, nem um pouco te consternas

perante a imensidão do desalento.

Amaram teu sorriso fraudulento

as emoções melífluas, subalternas

que toda noite, ainda, tu governas

porque de relembranças me alimento.

Sentenciado às dores, sem escolha,

estou recluso desde a despedida

e aceito as leis impostas nesta bolha.

Por isso, minhas súplicas não calo

e os beijos que ficaram sem guarida

mantêm a gritaria de um vassalo.