REZAS
REZAS
Debulhava sementes de braquiárias
Qual contas d'um rosário doloroso,
Que desfiava caminhando pesaroso
Pelo pasto a cuidar das alimárias.
Dos mistérios as rezas fiz diárias,
Quando à desilusão me vi esposo
Sem memória nenhuma d'outro gozo,
Senão cumprir promessas necessárias...
Semeava pelos ventos meus temores
Lançados como os últimos haveres,
Crente d'haver dos males os menores.
Mas forçado sob jugo de deveres,
Meditei de Maria as cinco dores
Entre o querer de Deus e os meus quereres.
Sobrália - 20 09 1998