FORNALHA
FORNALHA
Fervido pelo olor com que me enleias,
o sangue numa lava se transmuta.
Sinto explosões tomarem minhas veias,
moldarem dos instintos a conduta.
As nossas mãos se agarram porque cheias
dos ímpetos carnais, torrente bruta.
O sumo do teu corpo me franqueias,
as emoções se enredam, há permuta...
Os olhos, uns nos outros, lançam dardos
de luz, a revelarem toda a fome
que têm dois corações, os felizardos.
Nos lábios o desejo se agasalha
e força alguma existe que nos dome:
atiram-se os amantes na fornalha!